Os limites da saúde e os padrões estéticos

Padrão. Definido pelo dicionário como: modelo, exemplo, molde. Desde os primórdios da humanidade e as sociedades com alguma estrutura operacional a estética foi valorizada como status quo de indivíduos que se destacam ou são "escanteados". A Grécia Antiga é o exemplo mais visível da padronização e o culto ao corpo e a beleza. A deusa Afrodite é o símbolo máximo deste apreço ao belo. E esta simpatia aos padrões estéticos transcendeu sociedades. Causou furor não apenas na aparência, mas nos gostos, vestuário, costumes, etc. 

As saias, sutiãs e biquínis revolucionaram o vestir, e foram massivamente utilizados pela publicidade (vide comercial do primeiro sutiã), como também em forma de protestos (feministas queimando sutiãs). Os anos 2000 marcam a difusão das fotografias digitais aliadas a internet. Ou seja, a trinca web/fotos/propaganda denotou um claro intuito de uso da plataforma digital como meio de venda de anúncios, estilos, cosméticos e quaisquer assunto relacionado a beleza estética.

Porém, a massificação e o culto ao "perfeito" tomou proporções cada vez mais incontroláveis. O excesso de tratamento das imagens, fez com que governos regulassem regras sobre a manipulação de fotos. E as próprias modelos também não se sentem confortáveis com o uso de softwares de edição. O caso mais recente de insatisfação aconteceu com a cantora Manu Gavassi, que estampou um ensaio para a revista Vip em 2016. Porém, ao ver as fotos editadas reclamou publicamente do excesso de Photoshop e, em seguida realizou um ensaio por conta própria sem qualquer tipo de edição. Hoje em dia, há um movimento que pede o mínimo de retoques em fotografias. A desconstrução de um padrão passa muito além da fotografia. A estética e os limites corporais nos últimos anos estimulam rodas de conversa, debates e uma série de ideias sendo contestados. 

Após sofrer infecções nas pernas por conta de um produto, o hidrogel, a modelo Andressa Urach ficou entre a vida e a morte. Hoje, já recuperada, é adepta da igreja Universal e em 2015 escreveu uma autobiografia sobre o ocorrido, como também as polêmicas e a obsessão pelo corpo ideal e visibilidade na mídia. Porém, a obsessão para ser uma cópia de personagem causou uma vítima fatal. O mineiro Celso Santebañes possuía um objetivo claro: ser o Ken humano. Para isto, passou por uma série de cirurgias, correções, intervenções. 

Os programas televisivos exploraram ao máximo Santebañes e debates sobre o comportamento dele. Seria vaidade ou ele sofria algum tipo de transtorno? Em 2015, morreu vítima de leucemia após alguns meses de tratamento. Porém há um novo Ken Humano, Rodrigo Alves que já realizou mais de 50 cirurgias. Há também Barbies humanas. Cabe destacar que o culto a estética passa pelos concursos de misses, tanto os estrangeiros como os brasileiros 'Fitness' e 'Miss Bumbum'. O Brasil é um dos países com maior gasto em intervenções cirúrgicas. A rinoplastia e a bichectomia por exemplo, são operações corretivas. Porém a realidade acaba em ser outra, a cirurgia virou hábito, uma dependência. Mulheres e homens são reféns de si e dos padrões.

O corpo desenhado por Leonardo da Vinci (Homem Vitruviano) foi bem além do rabisco e tornou-se real. Qual o limite do belo e doentio?

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