Roberta Close: o preço da fama
A modelo suíça-brasileira, Roberta Close foi um marco
no que se trata a respeito do tema das pessoas transgêneras. O ápice de
notoriedade aconteceu em 1984, quando ela posou para a revista Playboy. Porém, a
vida de Roberta foi muito além das revistas e fotografias.
Sem dúvidas, sua carreira e trajetória marcantes nas décadas de 80 e 90 foram imprescindíveis para o debate acerca dos trans. Em 1998, o livro biográfico “Muito Prazer, Roberta Close”, de Lúcia Rito trouxe à tona toda a estrada da modelo, que possui um lado místico na discussão, principalmente por sua popularidade e os desafios da sociedade em compreendê-la. E até hoje, Roberta deve ser incluída nas rodas de conversas, apesar de preferir o anonimato hoje em dia.
Nascida em 1964, com o nome Luiz Roberto Gambine
Moreira, fez uma análise pessoal na adolescência e não se sentia confortável
por ser homem (cis). Aos 14 anos, assumiu sua identidade de gênero e passou a
se vestir como mulher. Sofreu bastante rejeição da família, e por isso, criou
coragem e assumiu a independência.
Foi viver com a avó, e sua beleza ímpar deu um plus no
início de sua carreira. Em 1981, vence o concurso “Miss Brasil Gay”. Apesar de
ainda ser homem biologicamente, não foi proibida de desfilar. Seguiu para o
exterior, e fez faculdades de música e teatro.
Antes de posar para a Playboy, Roberta foi vedete do
carnaval carioca, um dos postos mais charmosos da festa do Rio. Em maio, posou
para a publicação, e também outras revistas de celebridades e fotos. Foi criada
também uma publicação de quadrinhos eróticos inspirado em Roberta Close, no
qual a personagem era uma travesti.
No auge do sucesso, envolveu-se em uma polêmica com
Erasmo Carlos. A música “Dá um Close Nela” seria inspirada nela, porém Erasmo
disse que a música seria uma composição para o grupo Roupa Nova. Mesmo
indiretamente, a música tornou-se uma marca de Roberta.
No ano de 1987, durante a efervescência da Assembleia
Constituinte, Roberta Close foi tema de um debate, e o então propositor do
debate Francisco Rollemberg temia que Roberta fosse alçada ao posto de herói
nacional. Segundo ele, Close era uma glorificação exacerbada do que era com
Rogéria.
Em 1989, pode enfim realizar o sonho de trocar de sexo.
Foi à Londres e com um aporte financeiro dos amigos, concluiu a operação. E em
entrevistas seguintes a operação, afirmou que não mudou apenas de sexo, mas a
sua designação. Análises de exames deixam claros que Roberta sempre possuiu
traços femininos e pouca testosterona. A seguir, o desafio era trocar seu nome. E uma longa
batalha judicial correu até, que cinco anos depois, enfim pôde assinar como
Roberta Gambine Moreira.
Em 1993, casou e mudou-se para a Suíça. Em sua última
entrevista, disse que a vida no país era confortável e que no Brasil, o foco
era direcionado todo a vida pessoal e não ao profissional. Completou dizendo
teme a violência aos LGBT e que só volta ao Brasil para visitar alguns
familiares.
A história de Roberta Close é uma trajetória de luta. Participou
de programas como Silvio Santos, Faustão e Gugu. Em 2017, participou de uma
“máquina de verdade” no Superpop, na RedeTV, onde relata o constrangimento
sofrido ao ter que se alistar. Durante a novela “A Força do Querer”, a
personagem Ivana passava pelo processo de transformação corporal, e o nome de
Roberta fora citada.
Um documento de Maria Consuelo Campos Butterfly chamado
“Roberta Close e M. Butterfly: transgênero, testemunho e ficção” ressalta as
questões de gênero como fundamentais para a construção de identidades
contemporâneas. Também cita as questões legais e jurídicas sobre o nome social,
além do etnocentrismo e sexismo.
Sem dúvidas, sua carreira e trajetória marcantes nas décadas de 80 e 90 foram imprescindíveis para o debate acerca dos trans. Em 1998, o livro biográfico “Muito Prazer, Roberta Close”, de Lúcia Rito trouxe à tona toda a estrada da modelo, que possui um lado místico na discussão, principalmente por sua popularidade e os desafios da sociedade em compreendê-la. E até hoje, Roberta deve ser incluída nas rodas de conversas, apesar de preferir o anonimato hoje em dia.
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