O caso Tiffany: ela realmente leva alguma vantagem esportiva?

Rodrigo Pereira de Abreu foi um ala oposto com passagens por times menores e da segunda divisão. Antes que me pergunte porque digo "foi", lhe explico. Rodrigo fez a cirurgia de mudança de sexo e agora chama-se Tiffany e joga no Bauru, da Superliga de vôlei brasileira. E inclusive já quebrou recordes que perduravam a muito tempo. Porém o que se discute é se Tiffany leva alguma vantagem por ser trans ou pela cirurgia ser recente e o seu "físico" ainda conceder algum benefício genético à ela.

Em 2017, pós-cirurgia, a atleta estreou pelo Golem Palmi (ITA) e anotou mais de 25 pontos na partida. A equipe saiu em sua defesa após comentários da equipe adversária, o Trentino, que apontavam a "vantagem" que Tiffany levaria em relação as outras. A capitã do rival, disse que antes dela entrar a partida era uma e com ela em quadra, tornou-se outra.

Em julho de 2017, Tiffany recuperava-se de lesão no Bauru, atual time, e foi contratada para a temporada 2017/18. E nessa época Tiffany já apontava ótimos marcadores. Nas três partidas que participou no ano passado, anotou 70 pontos. E ultrapassou o recorde de Tandara em janeiro.

No início de fevereiro, Tiffany e Tandara duelaram, anotaram 31 pontos cada e a campeã olímpica levou a melhor (Osasco 3-2 Bauru). Perguntada sobre sua opinião a Tiffany e se ela levaria alguma vantagem desportiva, afirmou que a respeitava muito, que seu exemplo de luta contra o preconceito era louvável mas que fisiologicamente, Tiffany levava certa vantagem.

A jogadora do Bauru afirmou que não leva tal vantagem, principalmente, segundo ela por necessitar de um tempo maior de recuperação entre um jogo e outro.

Legalmente, Tiffany está amparada por um laudo médico e de uma resolução da Federação Internacional de Vôlei e da Confederação Brasileira que respalda sua participação nas partidas. A análise de testosterona é recorrente e atesta que o nível que ela possui é permitido conforme as regras.

Outra pessoa que se manifestou contra a participação de Tiffany na Superliga, foi a ex-jogadora Ana Paula Henkel. Em uma carta aberta em seu blog, usou o título "Biologia não é de esquerda nem de direita" e citou os incontáveis testes-surpresa que passou durante competições, refutou o argumento da testosterona e disse que mulheres cis foram proibidas de participar por incidência alta do hormônio. Completou dizendo que o politicamente correto não poderia sucumbir a desigualdade em nome da igualdade.

O fato é que Tiffany não foi e nem será a primeira atleta trans a participar de jogos e competições. Renee Richards foi a primeira trans a participar de um esporte (tênis), e pode-se citar aqui exemplos de outras esportistas como: Alessia Ameri, Chris Mosier e Caitlyn Jenner.

A questão fundamental deve-se expor única e exclusivamente no desempenho esportivo dela e de qualquer debate. Analisar só o fato dela ser trans é levar a conversa para um nível aquém do que ser exposto.

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